A maior mentira de nossos tempos

Por muitos anos pensei serem as mentiras propagadas por ideologias políticas o tipo mais danoso. Por enganarem um grande número de pessoas, essas mentiras tem o incrível poder de na superfície se transformarem em falsas verdades. Talvez um exemplo clássico seja a ideologia nazista, que arrastou milhões de pessoas de bem à crença maldosa e desumana de que deveriam exterminar os judeus. Lembrando que muitos destes que apoiavam o nazismo eram cristãos. Outro exemplo são os adeptos do marxismo, que imaginam um mundo dominado pela guerra de classes e interesses e se esquecem do incrível poder do livre árbitrio de cada ser humano e a capacidade que este tem de alterar os rumos da história.

Todavia nos últimos tempos, após conhecer um pouco melhor a Cristo e seu evangelho, tenho ponderado mais em relação às mentiras que são capazes de abalar diretamente a fé das pessoas, em uma escala ampla e extremamente danosa. Digo abalar a fé pois essas mentiras não levam por sí à negação da fé (apostasias, heresias, etc), mas a uma fé superficial, que não dá frutos. Portanto, embora saiba que jamais serei capaz de responder efetivamente à questão levantada neste post, penso que cheguei em algo assustadoramente esclarecedor e que leva grande parte da nossa humanidade a simplesmente não progredir na fé e, pior, a não levar mais pessoas a terem fé. Estou falando da mentira de que todos estamos salvos.

Essa ideia aparentemente inocente, no fundo é uma negação profunda do evangelho de Nosso Senhor. Afinal, se estamos todos salvos, para que precisamos colocar em prática nossa fé ? Basta crer e pronto! Vivo minha vida do jeito que quero, fazendo o que gosto, mas creio em tudo que está escrito na bíblia, portanto, estou salvo. No entanto, não é possível ser salvo sem obedecer aos dez mandamentos. Não é possível ser salvo sem obedecer aos preceitos da Igreja Católica. Não é possível ser salvo sem a oração. Não é possível ser salvo sem a Eucaristía.

Dói no coração ver as missas de domingo vazias. Ora, se o primeiro mandamento diz para amar a Deus sobre todas as coisas, e o segundo é explícito em dizer que devemos guardar os domingos e festas, como que uma pessoa que faltou na missa domingo está salva ? É claro que ela está em pecado mortal e precisa se confessar, pois (salvo algum caso de doença ou coisa do tipo) colocou Deus em segundo plano no domingo.

Mas os efeitos dessa crença perniciosa só começam a aparecer quando fazemos um levantamento de quantas pessoas foram batizadas e quantas delas ainda vão na missa no domingo. Na minha cidade (Queluz-SP), estimo que por volta de 600 pessoas vão à missa aos domingos (3 horários, 200 pessoas em média por missa). A cidade tem cerca de 9 mil habitantes! Ou seja, 6% apenas cumprem esse importantíssimo preceito e tem alguma chance real de salvação.

Se os números aliados ao mais básico conhecimento da religião indicam um cenário tão tenebroso, porque nossos cléricos não estão desesperados? Porque não temos uma revolução na evangelização e um reconhecimento profundo de como estamos falhando em levar a Verdade? Se tão poucas pessoas estão levando Deus a sério, onde foi que erramos?

A resposta é simples: acreditamos na falácia de que estão todos salvos e não precisam (se quer!) ir mais à missa aos domingos para isso. Então continuamos no erro e na comodidade de preferir ir passear com o cachorro no domingo, ou visitar o shopping do que ir 60 minutos adorar a Deus em Sua casa, na Sua Presença.

E achando que seremos salvos no final …

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