Controlar a ansiedade não é fácil. Há três anos fui diagnosticado com transtorno de ansiedade. Ao dirigir para o trabalho, senti fortes dores no peito como se estivesse infartando.
Contudo, consegui diminuir drasticamente o uso de remédios graças à algumas mudanças de hábitos e rotina.
Embora esteja lutando diariamente contra esta doença, hoje ela está sob controle a maior parte do tempo. Porém, apenas com remédios não podemos combatê-la. E, infelizmente, médicos não irão ajudar muito no quesito hábitos saudáveis. Por isso temos que aprender a nos auto-observar.
Exatamente por ter o hábito constante da auto observação, comecei a reparar o que ajuda a controlar e a descontrolar minha ansiedade.
No início tomava um fitoterápico juntamente com 0,5mg de Alprazolam. Hoje graças a Deus tomo apenas 0,25mg de Alprazolam.
A seguir, um resumo das técnicas que venho desenvolvendo para eliminar o remédio de minha vida. Porém, lembre-se: qualquer diminuição ou aumento de medicamento deve ter acompanhamento médico.
Hábito Número 1 – Auto Observação
Considero a auto-observação como a prática de observar a si mesmo com um olhar crítico. A ideia é voltar em uma determinada situação, analisando comportamentos e resultados.
Podemos fazer isto antes de dormir, na cama, ou em um momento tranquilo do dia. Paramos e imaginamos uma situação que causou stress ou dificuldade. Em seguida, pensamos se agimos bem ou mal naquela situação.
Na maioria das vezes me pego arrependido, pensando: puxa, não deveria ter levado aquilo tão a sério, acabou que não deu em nada.
O ansioso (doente) leva tudo a sério. Tudo é o fim do mundo. A todo momento estamos a um passo de colapsar. Tudo ilusão.
Porém o pulo do gato está em elevar essa técnica. Ao invés de olhar para o que aconteceu, olhar para o que está acontecendo. Enquanto escrevo este texto, sinto o impulso da ansiedade dizendo para digitar mais rápido. Porém, por estar me observando, decido conscientemente em digitar mais devagar e sentir o desconforto, ao invés de obedecer o impulso e me descontrolar.
Hábito Número 2 – Fazer Uma Coisa de Cada Vez
Fazer uma coisa por vez: um tiro na ansiedade. Este é um grave problema que vejo em nossa sociedade: achar que fazer várias coisas ao mesmo tempo é algo positivo.
Desde minha juventude cultivei maus hábitos por causa deste pensamento. Porém, hoje vejo claramente que o hábito de querer fazer muito ao mesmo tempo influenciou no descontrole da ansiedade.
A ansiedade não é algo ruim, é uma coisa natural. Em situações difíceis, por exemplo, ela nos condiciona a reagir mais rapidamente. Porém ficar ansioso o tempo inteiro é uma doença.
Quando faço muitas coisas ao mesmo tempo, não tenho tempo de saborear o que estou fazendo. Consequentemente, faço tudo de forma artificial. Isso leva a um sentimento de que não fiz nada de importante e que por isso preciso fazer ainda mais. Sinto como se estivesse fazendo pouco. Logo, preciso acelerar para fazer mais.
Fazer várias coisas ao mesmo tempo é uma armadilha emocional. A lista é longa:
- Conversar enquanto mexe no celular
- Comer enquanto assiste televisão
- Resolver um problema enquanto pensa no próximo
- Comer o primeiro prato de comida pensando no segundo
- Resolver um problema enquanto se preocupa com o próximo
Por isso, parar e focar o que estou fazendo me leva a um sentimento de plenitude e de saboreio total da atividade em questão. A qualidade aumenta drasticamente e no fim do dia parece que realmente fiz alguma coisa útil.
Hábito Número 3 – Diminuir a Velocidade
Vivemos em um mundo extremamente rápido. Consequentemente, tudo e todos precisam ser rápidos. Carros rápidos, celulares e computadores rápidos, comidas rápidas, vidas rápidas … a lista é imensa.
Porém eu não posso entrar nesta vibe. Por ser ansioso e estar doente, tenho que me permitir ir mais devagar.
Ir devagar nos resultados: antes queria ser rico aos 30 anos de idade. Por que não curtir mais a vida e deixar a riqueza para os 60 anos? Melhor ainda: por que não ser pobre e viver com tranquilidade e paz? Afinal do que adianta ter muitos bens e conquistas se não posso saboreá-las por estar doente?
- Comer mais devagar
- Pensar mais devagar
- Andar mais devagar
- Trabalhar mais devagar
- Conversar mais devagar
Slow down.
Hábito Número 4 – Simplificar a Vida
Nossas vidas estão ficando cada vez mais complicadas. Embora tenhamos mais recursos ao nosso alcance, a sociedade moderna nos impõe um pesado fardo por isto.
Um exemplo típico que venho percebendo ultimamente é ter um veículo. Um carro traz uma vasta gama de conforto para uma família, como locomoção rápida e segura, economia de tempo e status.
Por outro lado, um carro pode complicar drasticamente nossa vida. Entre as complicações, cito:
- Gastos com combustível
- Necessidade de ir ao posto de gasolina, oficina, banco, etc para resolver as necessidades do veículo
- Gasto de tempo e dinheiro com manutenção
- Gasto de tempo e dinheiro com revisão
- Gasto de tempo e e dinheiro com contratação de seguro
- Impostos diversos, IPVA, IRPF, etc
Essas complicações, muitas vezes ocultas, vão fazendo aparecer novos problemas em nossa vida. O carro é só um exemplo.
Outros exemplo de complicação rápida de vida:
- Celulares e computadores adicionais
- Segundo imóvel
- Viagens em excesso
- Consumismo
Veja bem, não se trata de cortar essas coisas de nossas vidas. Isso não é possível na maioria dos casos, creio que nem indicado. Trata-se de não aumentar, não complicar ainda mais, ou mesmo buscar a diminuição das coisas que temos e fazemos, sempre que possível.
Hábito Número 5 – Oração
As pessoas religiosas contam com um grande trunfo que muitas vezes passa desapercebido. A oração.
Falar com Deus todos os dias e entregar nas mãos dele nossa condição, de longe foi o hábito que mais surtiu resultados. Quando Ele vê que estamos em um combate sincero, se une a nós, nos auxilia e nos dá a vitória.
Se for católico, um plus: Nossa Senhora. Através dela, podemos receber o socorro do Pai para uma situação de estresse de forma mais rápida e acertada. Quando sinto que a ansiedade está para me dominar, rezo à Virgem. Todas as noites, antes de tomar o remédio, peço o auxílio do Pai pelas mãos dela também.
Em resumo, a oração nos ajuda a combater o lado espiritual da doença. Como Jesus ensinou, alguns males só podem ser combatidos com Oração e Jejum. Por isso Ele orou muito ao Pai e jejuou 40 dias no deserto: para se fortalecer espiritualmente para o combate que haveria de enfrentar.