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O Pote de Ouro no Céu

Todos temos um profundo anseio por bens em nossas almas. Anseio significa “desejo intenso por alguma coisa”. Em 2 Timóteo 7, vemos a origem deste sentimento: “Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sabedoria”.

Logo, podemos entender que os bens espirituais são bons, e desejá-los, buscá-los, é a vontade de Deus. Infelizmente, neste mundo decaído, as coisas foram pervertidas. Ao invés de ansiarmos pelo bem propriamente dito, tendemos a desejar a criatura pelo qual esse bem pode (ou não) chegar.

Assim, não entendemos muitas vezes, que as criaturas são meios para se alcançar os bens (a felicidade). Afinal, não seria a felicidade um produto da capcidade de amar e saborear a vida?

O mundo nos ensina que a nossa casa é um bem. Nosso carro, outro bem. O dinheiro que possuímos … mais um bem. Porém, se pararmos para refletir um pouco, do que adianta ter uma casa e não estar dentro dela? Ou um carro parado na garagem, que bem ele traz? O dinheiro sem uso no banco, produz alguma coisa?

O bem verdadeiro que a casa produz é a proteção, o aconchego, a privacidade e a liberdade para quem habita nessa casa. Apenas ter a casa não basta para usufruir do bem.

Um carro oferece o benefício (ou bem) da segurança ao se locomover entre grandes distâncias, novamente a privacidade e liberdade de ir e vir. Não há algo mais inútil que um carro quebrado.

O dinheiro na carteira ou no banco, na verdade por sí não acrescenta nada em nossa vida. Mas, ao utilizarmos corretamente, podemos ajudar pessoas, comprar comida, cuidar de nós mesmos e daqueles que amamos.

Portanto, a criatura não é o fim, apenas um meio para se chegar (ou não) ao bens maiores, que são em última instância, espirituais (eternos).

O dinheiro é a melhor forma para entendermos este desafio que Deus nos deu. Podemos imaginar esse instrumento, muito antigo na humanidade como uma forma simples de definir valor às coisas. Quando dizemos aquilo custa “tantos dinheiros”, estamos dizendo que aquilo custa muito ou pouco. Essa capacidade de quantificar o valor, nos confere ainda a faculdade de trocar “bens” com equidade.

Mas seria possível usar esse conceito para precificar as coisas do céu? Alguns santos de fato fizeram isso! Um santo (ao qual o nome não me recordo) ensina que quando frequentamos a Eucaristia, recebemos uma moeda de ouro no céu. Quando adoramos Jesus no Santíssimo Sacramento, recebemos uma moeda de prata.

De fato existem muitas analogias dentro do universo cristão utilizando o acumulo de bens no céu. Uma delas conta a história do homem que ao morrer e chegar ao céu, foi recebido pelos anjos e conduzido para o que seria sua morada eterna. Pelo caminho passou por diversas casas. Uma delas era linda, de vários andares, com jardins e fontes. Dentro da casa viu sua antiga empregada! Uma mulher pobre e simples, que havia criado muitos filhos e morrido de uma doença horrível. Ele pensou consigo: “se minha empregada conseguiu uma morada tão linda aqui no céu, imagina a minha!”.

Ao chegar no que seria sua morada, o anjo lhe apontou um casebre simples e arrumadinho, porém muito pequeno. Ele indagou o anjo quem iria morar ali. O anjo lhe disse: “essa será sua morada aqui no céu”. Consternado, perguntou porque sua empregada recebeu uma morada tão linda e a sua era tão simples. O anjo lhe respondeu que simplesmente ele havia mandado muito pouco material para o céu para que sua morada fosse construída, enquanto que sua ex empregada na Terra havia mandado muitas coisas boas para o céu.

Essa pequena história tem muitas variações, mas a lição é sempre a mesma: dependendo do que fazemos na vida neste mundo, mesmo ao irmos para o céu, poderemos ter uma morada mais ou menos gloriosa junto de Deus.

E para concluir, impossível não citar o próprio Deus. Jesus nos ensinou em São Mateus 6,19-20

“Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam.”